sábado, 13 de outubro de 2012

E Seu Boiadeiro? Um pouco de sua história.


 BOIADEIRO
  
A gira dos boiadeiros é quase sempre uma extensão da gira de caboclos.
Caracteriza-se pelo ineditismo de “pé de dança”, numa coreografia intrincada de passos rápidos e ágeis, surpreendentemente máscula, que mais parece de um dançarino mímico, liderando bravamente com um boi bravo (ou uma boiada) invisível.
Os médiuns do terreiro, desejando agradar a entidade sertaneja, paramentam-se com roupas próprias do personagem: gibão ou avental de couro, chapéu de vaqueiro e uma corda (“corda de laçar meu boi”) que será usada em movimentos giratórios acima da cabeça do laçador.
Assim, ficas à disposição do “amigo leal” que logo chegará, via mediúnica, com seus trejeitos, fumando seu indefectível cigarro de palha ou charuto, falando e cantando num tosco linguajar de homem do interior, além de muita jovialidade para com os encarnado.
Seu cantório enaltece os Orixás, dizem da sua camaradagem com os Caboclos, falam de Jesus e Nossa Senhora com respeito e carinho, do catolicismo colonial, lembram o “cálice bento e a hóstia consagrada”, mas a toada de sempre é sobre os verdes campos, a boiada, o cavalo baio, seu amor ao Brasil, os vícios e predileções - beber, fumar, namorar, o samba rasgado. Improvisam versos ou repetem os mais de duzentos já publicados e conhecidos pelos freqüentadores que se divertem com os ditos espirituosos, embasbacados pela prodigiosa memória do cantador sobrenatural. Em cima disso tudo, percebe-se claramente a religiosidade ingênua, prosaica, mas prudente reconhecimento de si mesmo ante a atuação viva de um Ser maior.

PRATOS E BEBIDAS A OFERECER AOS BOIADEIROS

Tutu à mineira, carne de sol, farofa, churrasco, frutas
Bebidas: Cerveja branca, pinga, vinho tinto, chá preto, pinga com mel.

SAUDAÇÃO
Xetroá Boiadeiro
Xetroá Cubajé
Xetrô Murrumbaxêtro

Sua Guia: com contas amarelas, brancas, olho de boi, olho de cabra, etc. Poderá também trazer um crucifixo.
Vela: amarela, branca, amarela/preta

São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, em fazendas por todo o Brasil, estas entidades trabalham da mesma forma que os Caboclos nas sessões de Umbanda. Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força de vontade, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta. Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e rezas fortes para todos os fins. O Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o seu gado. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando bravamente com os bois.

Seu dia é quinta feira, gosta de bebida forte como por exemplo cachaça com mel de abelha, que eles chamam de meladinha, mas também tomam cerveja e os caboclo boiadeiros bebem vinho. Fumam cigarro, cigarro de palha e charutos. Seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito com feijão de corda ou feijão cavalo. Boiadeiro também gosta muito de abóbora com farofa de torresmo. Em oferendas é sempre bom colocar um pedaço de fumo de rolo e cigarro de palha. No Terreiro os Boiadeiros vêm “descendo em seus aparelhos” como estivessem laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, criando seu ambiente de trabalho e vibração. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência. Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, assim como os Exus. Alguns usam chapéus de boiadeiro, laços, jalecos de couro, calças de bombachas, e tem alguns, que até tocam berrantes em seus trabalhos.

POVO BOIADEIRO
 




Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, “o caboclo sertanejo”. São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai. Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé. Ao amanhecer o dia, o Boiadeiro arrumava seu cavalo e levava seu gado para o pasto, somente voltava com o cair da tarde, trazendo o gado de volta para o curral. Nas caminhadas tocava seu berrante e sua viola cantando sempre uma modinha para sua amada, que ficava na janela do sobrado, pois os grandes donos das fazendas não permitiam a mistura de empregados com a patroa. É tal e qual se poderia presenciar do homem rude do campo.
Durante o dia debaixo do calor intenso do sol ele segue, tocando a boiada, marcando seu gados e território. À noite ao voltar para casa, o churrasco com os amigos e a família, um bom papo, ponteado por um gole de aguardente e um bom palheiro, e nas festas muita alegria, nas danças e comemorações. Sofreram preconceitos, como os “sem raça”, sem definição de sua origem.
Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião (posteriormente misturada com a do índio e a do negro) e sua língua, entre outras coisas.Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam a humildade, os Boiadeiros representam a força de vontade, a liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande. O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se possuísse na mão, um laço laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens. Enquanto os “caboclos índios” são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores. Os Boiadeiros vêm dentro da 7ª linha (Linha mista). Mas também são regidos por Iansã, tendo recebido da mesma a autoridade de conduzir os eguns da mesma forma que conduziam sua boiada quando encarnados. Levam cada boi (espírito) para seu destino, e trazem os bois que se desgarram (obsessores, quiumbas, etc.) de volta ao caminho do resto da boiada (o caminho do bem).

 


Boiadeiros... uma história


A força econômica do Brasil Colônia residiu em muito nos engenhos produtores de álcool e de açúcar, utilizando a força animal; do boi por excelência, equivalente nos dias de hoje ao indispensável motor elétrico.
Para cuidar das boiadas e de outros animais do pasto, nasceu dessa atividade um tipo caracteristico conhecido pelo nome de Carreiro ou Boiadeiros.
O Boiadeiro é antes de tudo um homem forte, másculo, jovial, ingênuo, respeitador, valente, namorador, sincero, companheiro, resistente, trabalhador e muito festeiro. Suas propriedades se restringem ao cavalo de sua predileção, a sua rede tarimba de capim seco, um céu cheio de estrelas e uma viola dependurada na parede da taipa, testemunha plangente dos ardores e dos cantares.
Freguês acatado dos alambiques de todas as religiões, sua “prova” é disputada e, de acordo com seu gosto, garante a fama da cachaça local;.
Sua exclamação “arre égua” complementada pelo “esta é boa!”, é selo de qualidade, daí passa para a mistura de mel e gotas de limão e, lambendo os beiços, esperto se despede:
“Adeus, meu camarada, até de repente, até outro dia, até outra hora...”
É contumaz tocador de viola, compulsivo dançador, cantador, súbito nos repentes, sem contar com chistes e provocações certeiras, maliciosas, mas sem dano maior à responsabilidade de quem quer que seja. Sua prenda maior, além da “menina do sobrado”, é ser amigo de todos, bornal sempre aberto a qualquer camarada que precise da rapadura, do jabá, da farinha e do imprescindível cigarro de palha.
Não se ilude com a posse das boiadas, das fazendas e estâncias do patrãozinho terreno. Sabe perfeitamente que dono definitivo é Zambi, Vaqueiro-mór, proprietário de tudo que existe na terra e no céu.
Desencarnado, aprendeu com a religião de Umbanda muitas coisas...
Hoje, num passe miraculoso, sai da campina astral e manifesta-se nos milhares de Terreiros, levando para todos energia e orgulho pátrio. Mas também vê com tristeza que os “bóias-frias”, os “sem terra” explorados, espoliados, são parte de sua família, são manadas de almas à mercê dos latifúndios, multinacionais impiedosos, na gana de imperializar os bens produtivos de terra, bem comum de todos os brasileiros.


fonte: www.boiadeirorei.com.br

Ô BOI
 


No decorrer da gira, o chefe do terreiro diz:
- “Xetuá Boiadeiro!”.
O Ogã prepara a mão e a solta no couro do atabaque e canta:
Me chamam de Boiadeiro
Não sou Boiadeiro não
Eu sou laçador de gado
Boiadeiro é meu patrão
Xetruá, Xetruá, Xetruá

O corpo começa a estremecer, o coração bate mais forte e a força, coragem, determinação, sabedoria, seriedade e alegria tomam conta do mental e do emocional do médium que rapidamente gira, começando a dançar e a movimentar seu chicote, ao gritar “Ô! Boi”, a demonstrar o vigor e a força do Boiadeiro agora em terra.
O plano astral inferior estremece não se tem mais como escapar do laço do Boiadeiro que rapidamente envolve todos os seres negativos que perturba o médium e a Casa Santa.
Com amparo de Oxossi, Ogum e Iansã, o boiadeiro encaminha todos esses malfeitores ao domínio da Lei, onde serão refreados e redirecionados para cumprimento da Lei com a grande oportunidade de Evolução, demonstrando um grande trabalho de caridade e principalmente de amor ao próximo.
Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, “o caboclo sertanejo”. São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai.
Sofreram preconceitos, como os “sem raça”, sem definição de sua origem. Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião, falam de Jesus e de Nossa Senhora com respeito e carinho.
Os boiadeiros já conviveram mais com a modernidade, com a invenção da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra, e esse ponto nos ajudam muito para diferenciarmos dos caboclos, que foram povos primitivos.
De um modo geral, os Boiadeiros usam chapéu de couro com abas largas (para proteger-lhe do sol forte), calças arregaçadas e movimenta-se muito rápido. O chicote e o laço são suas "armas espirituais", verdadeiros Mistérios, e com eles vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e os onsulentes. A corda é usada com sabedoria para laçar o "boi brabo", ou para “pegar aquele que se afasta da boiada”, ou ainda usada para “derrubar o boi para abate”. Dentro do campo mediúnico, os boiadeiros fortalecem o médium, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, como os Exus.
Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam à humildade, os Boiadeiros representam à liberdade, o vigor e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande.
Salve os Boiadeiros! Xetuá!



Texto adaptado
Original de Marco Caraccio

Adaptação de 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Caboclo Tupinambá da Bahia, caboclo primeiro na minha coroa desde 1992

Podia começar de várias formas essa homenagem a esse espírito de luz que me acompanha desde meu nascimento, mas que de forma humilde e paciente tem feito de seus trabalhos momentos importantes para a espiritualização minha e dos demais que o acompanham.


Posso contar por exemplo que foi responsável pelo desenvolvimento mediúnico de vários médiuns em nosso

De lá pra cá ouço histórias que eu sempre repito e que tem me dado exemplo de sua caridade e espírito de serviço.


Em 2008 meu caboclo ganhou uma imagem e como não tínhamos um altar, ele pediu para que fizéssemos uma casinha pequena, nem que fosse do tamanho de uma "caixa de fósforos" para ser seu ponto.

No começo muitos médiuns se animaram e logo mandamos levantar a casinha.

E dois dias antes de minha filha mais nova nascer estávamos inaugurando nossa primeira Casa de Caboclo, que com certeza virá outra nessa nova área que estamos levantando nosso Axé.



Dia feliz com todo o povo que gosta de saravá para a banda dos Caboclos de Pena.













Posso citar dentre outros, muitas cantigas que retratam sua energia combatente:

"Tupinambá é Ganga na Macaia
Tupinambá ee Tupinambá
Tupinambá Guerreiro de Oxosse
Tupinambá ee Tupinambá
Tupinambá não perde uma demanda
Tupinambá ee Tupinambá
Tupinambá vem defender seus filhos
Tupinambá ee Tupinambá
Só não me apanhe a folha da Jurema
Sem ordem suprema
Do Pai Oxalá."

Outro trago por ele:

"Tupinambá é um caboclo forte
Tupinambá ele vem da Bahia
Ele é um caboclo
Tupinambá a sua estrela nos guia"


Okê Caboclo!!!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

E a Vovó Catarina? Qual sua história?

Bom, decidi contar um pouco sobre cada entidade que Deus, Olorum, guardou e me deu de presente a sua presença e seu axé por me acompanhar esse período na minha vida.
Quero começar por uma entidade espiritual muito controversa e polêmica:
Vovó catarina da Calunga.
Esse espírito de luz é cheio de graça e distribui bênçãos nesses anos
que me acompanha.



Tenho muitas lembranças de casos e mais casos acontecidos, contados e vivenciados por muita gente
que tem me acompanhado juntamente com a vovó.

Essa preta velha querida trabalha comigo desde que eu tinha 14 anos de idade e de lá pra cá tem colecionado
simpatizantes e também há quem não a compreenda.


Em muitas oportunidades a vó já virou a noite para ajudar a quem precisa e pra desmanchar feitiçaria, que é sua especialidade.

Já viajei, a mando dela, em outros estados para ir atras de ervas, cascas e pedreiras onde são realizados os rituais para quebrar qualquer demanda, como  em 1997 onde fui em Saco Grande , município de Palmeirinha MG onde a Vó foi tratar um senhor que não dormia a noite com acessos de loucura e obsessão ou em 2008 que fui à Januária- MG em missão para vencer outra demanda de um consulente.


Pesquisando sobre achei uma história, uma passagem atribuída a Vovó Catarina:

*História da Mentora Vovó Catarina *

*(Mas também conhecida como Dona Euzália)*



Os tambores tocavam o ritmo cadenciado dos Orixás, e nós dançávamos.
Dançávamos todos em volta da fogueira improvisada ou à luz de tochas ou
velas de cera que fazíamos. A comida era pouca, mas para passar a fome nós
dançávamos a dança dos Orixás. E assim, ao som dos tambores de nosso povo,
nos divertíamos, para não morrer de tristeza e sofrimento. Eu era chamada de
feiticeira. Mas eu não era feiticeira, era curandeira. Entendia de ervas,
com as quais fazia remédios para o meu povo, e de parto; eu era a parteira
do povo de Angola, que estava errando naquela terra de meu Deus. Até que
Sinhazinha me tirou do meu povo. Ela não queria que eu usasse meus
conhecimentos para curar os negros, somente os brancos; afinal, negro -
dizia ela - tinha que trabalhar e trabalhar até morrer. Depois, era só
substituir por outro. Mas Dona Moça não pensava assim. Ela gostava de mim, e
eu, dela. Fui jogada num canto, separada dos outros escravos, e todas as
noites eu chorava ao saber que meu povo sofria e eu não podia fazer nada
para ajudar. De dia eu descascava coco e moía café no pilão. À noite eu
cantava sozinha, solitária. E ouvia o cantar triste de meu povo, de longe.
Ouvia o lamento dos negros de Angola pedindo a Oxalá a liberdade, que só
depois nós entendemos o que era. E os tambores tocavam o seu lamento triste,
o seu toque cadenciado, enquanto eu respondia de meu cativeiro com as rezas
dos meus Orixás. A liberdade, que era cantada por todos do cativeiro, só
mais tarde é que nós a compreendemos. A liberdade era de dentro, e não de
fora.

Aqueles eram dias difíceis, e nós aprendemos com os cânticos de Oxóssi e as
armas de Ogum o que era se humilhar, sofrer e servir, até que nosso espírito
estivesse acostumado tanto ao sofrimento e a servir sem discutir, sem nada
obter em troca, que, a um simples sinal de dor ou qualquer necessidade, nós
estávamos ali, prontos para servir, preparados para trabalhar. E nosso Pai
Oxalá nos ensinou, em meio aos toques dos tambores na senzala ou aos
chicotes do capitão, que é mais proveitoso servir e sofrer do que ser
servido e provocar a infelicidade dos outros.

Um dia, vítima do desespero de Sinhá, eu fui levada à noite para o tronco,
enquanto meus irmãos na senzala cantavam. A cada toque mais forte dos
tambores, eu recebia uma chibatada, até que, desfalecendo, fui conduzida nos
braços de Oxalá para o reino de Aruanda. Meu corpo, na verdade, estava
morto, mas eu estava livre, no meio das estrelas de Aruanda. Em meu espírito
não restou nenhum rancor, mas apenas um profundo agradecimento aos meus
antigos senhores, por me ensinar, com o suor e o sofrimento, que mais
compensa ser bom do que mau; sofrer cumprindo nosso dever do que sorrir na
ilusão; trabalhar pelo bem de todos do que servir de tropeço. Eu era agora
liberta, e nenhum chicote, nenhuma senzala poderia me prender, porque agora
eu poderia ouvir por todo lado o barulho dos tambores de Angola, mas também
do Kêtu, de Luanda, de Jêje e de todo lugar. Em meio às estrelas de Aruanda
eu rezava. Rezava agradecida ao meu Pai Oxalá.

Fui pra Aruanda, lugar de muita paz! Mas eu retomei. Pedi a meu Pai Oxalá
que desse oportunidade pra eu voltar ao Brasil pra poder ajudar a Sinhá,
pois ela me ensinou muita coisa com o jeito dela nos tratar. E eu voltei.
Agora as coisas pareciam mudadas. Eu não era aquela nega feia e escrava. Era
filha de gente grande e bonita, sabia ler e ensinava crianças dos outros. Um
dia bateu na minha porta um homem com uma menina enjeitada da mãe. Era muito
esquisita, doente e trazia nela o mal da lepra. Tadinha! Não tinha pra onde
ir, e o pai desesperado não sabia o que fazer. Adotei a pobre coitada, fui
tratando aos poucos e, quando me casei, levei a menina comigo. Cresceu, deu
problema, mas eu a amava muito. Até que um dia ela veio a desencarnar em
meus braços, de um jeito que fazia dó. Quando eu retomei pra Aruanda, o que
vocês chamam de plano espiritual, ela veio me receber com os braços abertos
e chorando muito, muito mesmo. Perguntei por que chorava, se nós duas agora
estávamos livres do sofrimento da carne, então, ela, transformando-se em
minha frente, assumiu a feição de Sinhazinha! Ela era a minha Sinhá do tempo
do cativeiro. E nós duas nos abraçamos e choramos juntas. Hoje, trabalhamos
nas falanges da Umbanda, com a esperança de passar a nossa experiência pra
muitos que ainda se encontram perdidos em suas dificuldades.
*Extraído do Livro (TAMBORES DE ANGOLA)*

Abraços Fraternos.
Leilane Castro
--
"Tento ser como o sândalo que perfuma o machado que o corta".


[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]


Hoje a Vovó Catarina tem uma Casa dedicada a ele, construída por mim no nosso Ilê Xaxará de Prata.
Nem sempre foi assim, já trabalhei com a Vó em matas e lugares mais apertados, como no antigo quarto de Caboclo no Nova Colina.

Tive contribuição de amigos
que ao decorrer desses anos tiveram contato em algum momento com a Vó.

Sinto em sua irradiação força de paz, sabedoria e doçura.


Salve Vovó Catarina!!!

domingo, 5 de agosto de 2012

Primeiro Toque na Casa da Vovó Catarina com Seu Sultão

Dia 04 de agosto no nosso Ilê Axé Omo Orã, Xaxará de Prata, foi realizado o toque para os Caboclos na Casa construída para abrigar as imagens da Vovó Catarina e Seu Sultão das Matas.
O toque foi muito animado e contamos com a presença de muitas pessoas que com fé, louvaram e homenagearam os caboclos do Sertão e das Matas.
A seguir algumas fotos do ritual que terminou com cada pessoa firmando uma muila para um caboclo de sua devoção e com um delicioso caldo de mocotó e servido um delicioso ajeum.









terça-feira, 10 de julho de 2012

Primeiro Barco de Yaôs da nossa Casa Ilê Axé Xaxará de Prata

Dia 07 de julho de 2012 foi um dia de muita festa para nosso Ilê Axé Omo Orã  Casa dos Filhos do Sol, Xaxará de Prata, onde foi a saída do primeiro barco de Yaôs do Axé. Nossa Casa é filha do Axé Ofá de Prata que é filha do Pilão de Prata, Salvador BA.


Foram: Dofono de Oxumarê, Dofonitinha de Xangô, Famo de Oxum e Famotinho de Yemanjá.


Seguem algumas fotos do Rum:














sexta-feira, 8 de junho de 2012

Festa Cigana em homenagem a Santa Sara Kally

Dia 24 de maio foi para nós um dia especial no Ilê Axé Xaxará de Prata, dia de comemorar a festa do Povo Cigano, com muito ponche, lentilhas e grão de bico tradicionais da culinária cigana. Não pode faltar a esperada fogueira.

















Uma noite onde a fogueira esquentou o frio e também nosso espírito.
Ori Ori, Arriba povo cigano!