A gira dos boiadeiros é quase sempre uma extensão da gira de caboclos. Caracteriza-se pelo ineditismo de “pé de dança”, numa coreografia intrincada de passos rápidos e ágeis, surpreendentemente máscula, que mais parece de um dançarino mímico, liderando bravamente com um boi bravo (ou uma boiada) invisível. Os médiuns do terreiro, desejando agradar a entidade sertaneja, paramentam-se com roupas próprias do personagem: gibão ou avental de couro, chapéu de vaqueiro e uma corda (“corda de laçar meu boi”) que será usada em movimentos giratórios acima da cabeça do laçador. Assim, ficas à disposição do “amigo leal” que logo chegará, via mediúnica, com seus trejeitos, fumando seu indefectível cigarro de palha ou charuto, falando e cantando num tosco linguajar de homem do interior, além de muita jovialidade para com os encarnado. Seu cantório enaltece os Orixás, dizem da sua camaradagem com os Caboclos, falam de Jesus e Nossa Senhora com respeito e carinho, do catolicismo colonial, lembram o “cálice bento e a hóstia consagrada”, mas a toada de sempre é sobre os verdes campos, a boiada, o cavalo baio, seu amor ao Brasil, os vícios e predileções - beber, fumar, namorar, o samba rasgado. Improvisam versos ou repetem os mais de duzentos já publicados e conhecidos pelos freqüentadores que se divertem com os ditos espirituosos, embasbacados pela prodigiosa memória do cantador sobrenatural. Em cima disso tudo, percebe-se claramente a religiosidade ingênua, prosaica, mas prudente reconhecimento de si mesmo ante a atuação viva de um Ser maior.
PRATOS E BEBIDAS A OFERECER AOS BOIADEIROS
Tutu à mineira, carne de sol, farofa, churrasco, frutas Bebidas: Cerveja branca, pinga, vinho tinto, chá preto, pinga com mel.
Sua Guia: com contas amarelas, brancas, olho de boi, olho de cabra, etc. Poderá também trazer um crucifixo. Vela: amarela, branca, amarela/preta
São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, em fazendas por todo o Brasil, estas entidades trabalham da mesma forma que os Caboclos nas sessões de Umbanda. Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força de vontade, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta. Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e rezas fortes para todos os fins. O Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o seu gado. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando bravamente com os bois. Seu dia é quinta feira, gosta de bebida forte como por exemplo cachaça com mel de abelha, que eles chamam de meladinha, mas também tomam cerveja e os caboclo boiadeiros bebem vinho. Fumam cigarro, cigarro de palha e charutos. Seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito com feijão de corda ou feijão cavalo. Boiadeiro também gosta muito de abóbora com farofa de torresmo. Em oferendas é sempre bom colocar um pedaço de fumo de rolo e cigarro de palha. No Terreiro os Boiadeiros vêm “descendo em seus aparelhos” como estivessem laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, criando seu ambiente de trabalho e vibração. Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência. Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, assim como os Exus. Alguns usam chapéus de boiadeiro, laços, jalecos de couro, calças de bombachas, e tem alguns, que até tocam berrantes em seus trabalhos.
POVO BOIADEIRO
Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, “o caboclo sertanejo”. São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai. Os Boiadeiros representam a própria essência da miscigenação do povo brasileiro: nossos costumes, crendices, superstições e fé. Ao amanhecer o dia, o Boiadeiro arrumava seu cavalo e levava seu gado para o pasto, somente voltava com o cair da tarde, trazendo o gado de volta para o curral. Nas caminhadas tocava seu berrante e sua viola cantando sempre uma modinha para sua amada, que ficava na janela do sobrado, pois os grandes donos das fazendas não permitiam a mistura de empregados com a patroa. É tal e qual se poderia presenciar do homem rude do campo. Durante o dia debaixo do calor intenso do sol ele segue, tocando a boiada, marcando seu gados e território. À noite ao voltar para casa, o churrasco com os amigos e a família, um bom papo, ponteado por um gole de aguardente e um bom palheiro, e nas festas muita alegria, nas danças e comemorações. Sofreram preconceitos, como os “sem raça”, sem definição de sua origem. Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião (posteriormente misturada com a do índio e a do negro) e sua língua, entre outras coisas.Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam a humildade, os Boiadeiros representam a força de vontade, a liberdade e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande. O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se possuísse na mão, um laço laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens. Enquanto os “caboclos índios” são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores. Os Boiadeiros vêm dentro da 7ª linha (Linha mista). Mas também são regidos por Iansã, tendo recebido da mesma a autoridade de conduzir os eguns da mesma forma que conduziam sua boiada quando encarnados. Levam cada boi (espírito) para seu destino, e trazem os bois que se desgarram (obsessores, quiumbas, etc.) de volta ao caminho do resto da boiada (o caminho do bem).
Boiadeiros... uma história
A força econômica do Brasil Colônia residiu em muito nos engenhos produtores de álcool e de açúcar, utilizando a força animal; do boi por excelência, equivalente nos dias de hoje ao indispensável motor elétrico. Para cuidar das boiadas e de outros animais do pasto, nasceu dessa atividade um tipo caracteristico conhecido pelo nome de Carreiro ou Boiadeiros. O Boiadeiro é antes de tudo um homem forte, másculo, jovial, ingênuo, respeitador, valente, namorador, sincero, companheiro, resistente, trabalhador e muito festeiro. Suas propriedades se restringem ao cavalo de sua predileção, a sua rede tarimba de capim seco, um céu cheio de estrelas e uma viola dependurada na parede da taipa, testemunha plangente dos ardores e dos cantares. Freguês acatado dos alambiques de todas as religiões, sua “prova” é disputada e, de acordo com seu gosto, garante a fama da cachaça local;. Sua exclamação “arre égua” complementada pelo “esta é boa!”, é selo de qualidade, daí passa para a mistura de mel e gotas de limão e, lambendo os beiços, esperto se despede: “Adeus, meu camarada, até de repente, até outro dia, até outra hora...” É contumaz tocador de viola, compulsivo dançador, cantador, súbito nos repentes, sem contar com chistes e provocações certeiras, maliciosas, mas sem dano maior à responsabilidade de quem quer que seja. Sua prenda maior, além da “menina do sobrado”, é ser amigo de todos, bornal sempre aberto a qualquer camarada que precise da rapadura, do jabá, da farinha e do imprescindível cigarro de palha. Não se ilude com a posse das boiadas, das fazendas e estâncias do patrãozinho terreno. Sabe perfeitamente que dono definitivo é Zambi, Vaqueiro-mór, proprietário de tudo que existe na terra e no céu. Desencarnado, aprendeu com a religião de Umbanda muitas coisas... Hoje, num passe miraculoso, sai da campina astral e manifesta-se nos milhares de Terreiros, levando para todos energia e orgulho pátrio. Mas também vê com tristeza que os “bóias-frias”, os “sem terra” explorados, espoliados, são parte de sua família, são manadas de almas à mercê dos latifúndios, multinacionais impiedosos, na gana de imperializar os bens produtivos de terra, bem comum de todos os brasileiros.
fonte: www.boiadeirorei.com.br
Ô BOI
No decorrer da gira, o chefe do terreiro diz: - “Xetuá Boiadeiro!”. O Ogã prepara a mão e a solta no couro do atabaque e canta: Me chamam de Boiadeiro Não sou Boiadeiro não Eu sou laçador de gado Boiadeiro é meu patrão Xetruá, Xetruá, Xetruá O corpo começa a estremecer, o coração bate mais forte e a força, coragem, determinação, sabedoria, seriedade e alegria tomam conta do mental e do emocional do médium que rapidamente gira, começando a dançar e a movimentar seu chicote, ao gritar “Ô! Boi”, a demonstrar o vigor e a força do Boiadeiro agora em terra. O plano astral inferior estremece não se tem mais como escapar do laço do Boiadeiro que rapidamente envolve todos os seres negativos que perturba o médium e a Casa Santa. Com amparo de Oxossi, Ogum e Iansã, o boiadeiro encaminha todos esses malfeitores ao domínio da Lei, onde serão refreados e redirecionados para cumprimento da Lei com a grande oportunidade de Evolução, demonstrando um grande trabalho de caridade e principalmente de amor ao próximo. Os Boiadeiros são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, “o caboclo sertanejo”. São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola. O mestiço Brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai. Sofreram preconceitos, como os “sem raça”, sem definição de sua origem. Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião, falam de Jesus e de Nossa Senhora com respeito e carinho. Os boiadeiros já conviveram mais com a modernidade, com a invenção da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra, e esse ponto nos ajudam muito para diferenciarmos dos caboclos, que foram povos primitivos. De um modo geral, os Boiadeiros usam chapéu de couro com abas largas (para proteger-lhe do sol forte), calças arregaçadas e movimenta-se muito rápido. O chicote e o laço são suas "armas espirituais", verdadeiros Mistérios, e com eles vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e os onsulentes. A corda é usada com sabedoria para laçar o "boi brabo", ou para “pegar aquele que se afasta da boiada”, ou ainda usada para “derrubar o boi para abate”. Dentro do campo mediúnico, os boiadeiros fortalecem o médium, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, como os Exus. Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam à humildade, os Boiadeiros representam à liberdade, o vigor e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande. Salve os Boiadeiros! Xetuá!
Podia começar de várias formas essa homenagem a esse espírito de luz que me acompanha desde meu nascimento, mas que de forma humilde e paciente tem feito de seus trabalhos momentos importantes para a espiritualização minha e dos demais que o acompanham.
Posso contar por exemplo que foi responsável pelo desenvolvimento mediúnico de vários médiuns em nosso
De lá pra cá ouço histórias que eu sempre repito e que tem me dado exemplo de sua caridade e espírito de serviço.
Em 2008 meu caboclo ganhou uma imagem e como não tínhamos um altar, ele pediu para que fizéssemos uma casinha pequena, nem que fosse do tamanho de uma "caixa de fósforos" para ser seu ponto.
No começo muitos médiuns se animaram e logo mandamos levantar a casinha.
E dois dias antes de minha filha mais nova nascer estávamos inaugurando nossa primeira Casa de Caboclo, que com certeza virá outra nessa nova área que estamos levantando nosso Axé.
Dia feliz com todo o povo que gosta de saravá para a banda dos Caboclos de Pena.
Posso citar dentre outros, muitas cantigas que retratam sua energia combatente: