Poxa, tava com saudades de postar algo aqui, mas esse mês que é tão feliz nos deixou um pouco abalados pela passagem para o Orum, de uma irmã de Santo de Sueli e minha sempre amiga Mãe Neli, conhecida por Mãe Oxumarê e carinhosamente chamada por nós de Mãe Xuxu.
Em sua homenagem ficamos um período com o silêncio dos atabaques.
Nesse período se passaram as datas de Obaluaiê, Omolu e de Seu Tiriri que já o carrego em minha corôa a 34 anos, desde que nasci, mas incorporo a 20.
Então dia 23 passou sem nenhuma comemoração em especial, mas dia 27 de agosto, fizemos uma singela homenagem pela passagem desse dia com integrantes do nosso Xaxará de Prata.
Não houve divulgação e nem bebidas alcóolicas em função do já explicado, mas ainda assim dentro do possível, arreamos o padê quatro estações e suas oferendas de praxe, sem nenhum ejé.
Não houve fotografias.
Mas quero dizer com muita alegria, que desde a primeira obrigação até hoje, a cada ano, uma porção de coisas aconteceram. Essa data nunca passou em branco e dessa vez não foi diferente.
Me lembro que antes de ter dinheiro pra comprar fios de contas, eu já pintei cadarço branco de vermelho junto com outro preto e fazia minhas guias.
Já com orgulho, acendi uma vela nesse dia porque não tinha mais.
Já com prazer começamos a fazer sua festa com bichos que eram antecipadamente escolhidos por ele.
Tenho fotos desse ritual que comprova a simplicidade com que ele vinha e a gratidão que ele tinha e tem com as pessoas. Vou postar aqui algumas amanhã. Guardei a sete chaves mas hoje não tem sentido não divulgar o que o santo fez em nossa vida.
Um dia 23 de agosto foi especial pra mim.
Não tinha dinheiro pra fazer aquela obrigação e estava afastado do Centro, mas mesmo assim, fui comprar os ingredientes para um padê quatro estações , bebidas cigarros etc,isso mesmo, Seu Tiriri gostava de fumar cigarro mesmo quando tinha charuto.
Então, ao entrar no mercado, foi até o Dory Carnes na quadra 15 em Sobradinho DF, eu encontrei na porta uma mulher com uma criança num carrinho. Ela me abordou e era manhã ainda, eu tinha tirado uma folga do dia todo pra mexer somente com isso, a gente chama no DF de Abono, então ela falou assim:
"Moço, o senhor pode comprar alguma coisa pra eu comer e dar para meu filho?
Ela não me pediu dinheiro, pediu comida. Eu imediatamente, acho que por reflexo, disse "Sim eu compro, o que a senhora tá precisando?"
Ela falou que o que eu comprasse já iria ser seu almoço porque ela não tinha nada.
Credo, fiquei pensativo, entrei no mercado, comecei a escolher as coisas do Exu. Olhei pra porta, ela me olhava e me esperava. Ela e a criança.Comecei a comprar pra ela um pouco de carne, pensei na moida que era mais fácil pra fazer e dar a criança. Nisso, lembrei que pra comer uma carne moidinha precisava de umas batatinhas, um arrozinho. E se ela não tivesse?
Coloquei na cesta isso tambem, daí me lembrei que pra fazer precisaria do óleo, do sal, de alho, de uns tomates e fui lembrando e enchendo a cesta...
Claro que não vou falar mais pq eu não lembro, mas o que eu ia vendo que era bom naquele momento eu ia enchendo já o carrinho, desses menores.
Ela nem acreditou, e nem eu.
Eu paguei, no cartão poerque pra mim dia 23 já tava em fim de mes rs.
Eu lembro até hoje de seu sorriso na porta do mercado.levou a criança no colo e as compras no carrinho pq não tinha como ir.
Mas foi alegre, cheia de dignidade pra fazer seu almoço naquele dia, dia 23 de agosto acho que de 1999 ou de 2000.
Ah sim e as coisas dele?
Ele disse que aquela tinha sido sua festa.
Acendi velas com padê e pra mim também o dia foi especial.
Ele já nos pregou várias peças boas.
Quando íamos nos casar em 2002, ele disse a minha então noiva, hoje esposa Sueli, que iria nos dar um presente de casamento.
Bom, esperamos com atenção, o que seria?
Passamos um aperto grande, a Su raspou em outubro de 2001 e nosso casamento foi em maio de 2002, muitas coisas ainda pra pagar e pra completar entramos numa greve(professores de Brasília) de 54 dias então, como graças a Deus não furo uma greve, estava sem um tostão furado. Nossa festa foi bancada pelos colegas grevistas ( a entrada rs) e isso foi um alento e um empurrão pra cima na gente.
Alugamos o salão, naquela época 250 reais e demos um cheque calção de outros 250 caso não cumpríssimos o combinado. Por um motivo que desconhecemos, após o casamento e a festa, que foi muito alegre e cheia de professores grevistas, o cheque calção entrou indevidamente. Por ordem do padre responsável pelo salão, foi nos devolvido o valor da caução cobrada indevidamente e o valor do aluguel do salão somando 500 reais.
Seu Tiriri após toda essa confusão, relatou que ali era seu presente: o salão da festa.
Não tem como eu não o admirar.
Poderia falar muitas coisas que nesses 20 anos de trabalho com ele eu já vi, ouvi e presenciei. Pessoas amigas antigas como Dona Raimunda e Gi que acompanharam o princípio de minha mediunidade e outros mais recentes do barracão Xaxará como o Nem e Dri que estiveram bem perto ajudando a cambonar suas atitudes.
Em nome de dezenas que já falaram com essa entidade que sei que é bem humorada, sábia, conselheira e cheia de iniciativa.
Amanhã eu continuo pq houve problema na postagem.
Pretendo trazer um pouco de novidades que passam no mundo virtual sobre nossos Orixás.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Mês de Agosto, Mês de Omolu, o Médico dos Fiéis.
Omolu é o Rei do Ilê Axé Xaxará de Prata, Asé de Keto proveniente do Ofá de Prata que, por sua vez descende do Pilão de Prata, casa de Santo antiga de Salvador BA.
Aqui abaixo a dança sagrada de Omolu, o Opanijé
Minha experiência com Omolu remonta os tempos de Mãe Ruth
onde no mês de agosto, cada pessoas que a visitava
ela pedia um pacote de milho de pipoca.
Eram dezenas de pacotes, daí um ou dois dias antes,
as filhas da Casa começavam a estourar o milho formando assim o deburú,
ou como Mãe Ruth gostava de chamar: as "Flores de Obaluaiê".
O sentido dela mandar fazer tantas flores, era porque
ela tinha a tradição e devoção
de levar à rodoviária do Plano Piloto de Brasília o balaio cheio de deburus
junto com pedaços generosos de coco e assim distribuir aos que passassem e aceitarem.
A data era dia 11 de agosto, dia de São Lázaro da Igreja Católica,
santo que tinha ao seu lado vários cachorros que o acompanhavam ou dia
16 de agosto, dia de São Roque,padroeiro das vítimas das pragas e doenças
e protetor dos cães.
Lá pelo ano de 93 ou 94, me lembro que passamos a noite preparando o balaio de deburus e no dia o balaio estava cheio!
Mãe Ruth seguiu para seu destino em uma caminhonete e um carro pequeno acompanhava.
Eu fui na caminhonete.
Me lembro que como Mãe Ruth queria ficar na parte superior, a caminhonete
teve que estacionar bem abaixo de um semáforo na rodoviária.
Como ela era muito obesa, teve dificuldades ao descer e acabou demorando um pouco.
Em seguida aparece um guarda da Polícia Rodoviária que alerta que
o carro deveria sair imediatamente daquele local sob ameaça de multa,
mãe Ruth não perdeu tempo, da janela mesmo foi se segurando no guarda e
falando:"Me ajuda aí seu sacana, vai ficar só olhando?"
O guarda assustado continuava falando que não era permitido
enquanto mãe Ruth já estava toda apoiada nele,
se ele saísse ela caia.
Só sei que ele brigando, ameaçando multa e ao mesmo tempo sem ter como se esquivar cada vez mais a ajudando a descer.
"Pode multar mas primeiro me ajuda a descer e levar até lá!"
Mãe Ruth era uma figura.
No fim das contas,o policial a ajudou a ir até o local que ela queria,enquanto
o filho de Santo dela, Carlos, estacionava a caminhonete.
Só sei que o carisma da Mãe Ruth era tanto, que o policial
esqueceu de multa e acabou comendo muita pipoca com coco
junto da gente.
Nunca me esquecerei da magia desse dia.Sempre passava um pra pegar pipoca,
conversar,
desabafar,
conhecer,
curiar, rs.
Mãe Ruth com sua simplicidade ao olhar para esse Rei da Terra,
foi a primeira a me ensinar a fé num Omolu
da Cura, não da doença.
Hoje estou na Casa de Omolu, minha referencia de Santo.
Saúdo a todas as formas que Omolu é chamado e reverenciado
Omolu
Xapanã
Obaluaiê
São Roque
Kafunge
Sakafunan
...
Peço a bênção a todos que carregam essa grande divindade no Ori
e peço que roguem por um mundo que tenha
a mesma capacidade de perdão que Omolu teve.
Fica mais um pouco da minha história no Santo que divido com vocês.
"Atótóo! Omolu Olúkê
a jí béèrù sápadà!"
"Silêncio!O filho do Senhor
é o Senhor que grita, nós
acordamos com medo e corremos de volta!"
Pai Air José de Oxalá do Terreiro Pilão de Prata Salvador BA.
Pai Antonio de Oxosse no Ilê Axé Ofá de Prata Ceilândia DF
Yá Sueli de Omolu do Ilê Axé Xaxará de Prata Sobradinho DF
O mês de Agosto é cercado de curiosidades e fatos históricos mas para nós do Xaxará de Prata, é o mês mais festejado
e cercado de respeito e crenças.
Conheço vários filhos de Omolu que ainda hoje, de ano em ano,
Omolu se apresenta nesse mês com algum sinal em sua pele e o mais importante, é que não se vêem cicatrizes e nem são necessários medicamentos para essa cura.
Alguns percebem que a cura na moleira da cabeça fica mais sensível com a sensação que está aberta.
Faz todo o sentido mesmo porque Omolu alem de ser esse tão poderoso Orixá, também é um pai para qualquer hora, daí se tira pelo
lindo ponto de Umbanda que diz:
"Meu Pai Oxalá é o Rei venha-me valer
E o Velho Omolu, atotô Abaluaê
Atotô Abaluaê, atotô Babá
Atotô Abaluaê, atotô é Orixá"
Em nossa Nação há vários Orins, cantigas que nos levam um pouco a conhecer
essa divindade que nos trás a cura através de sua magia.
Uma que eu mais gosto de cantar até porque ao mesmo tempo é uma prece é essa:
"Onílè wà àwa lésè Òrìsà, opé ire
Onílè wà a lésè Òrìsà, opé ire,
E kòlòbó e kòlòbó sín sín, sín sín
Kòlòbó e kòlòbó e kòlòbó sín sín
Sín sín kòlòbó e kòlòbó
E kòlòbó sín sín, sín sín kòlòbó"
Que significa:
"O Senhor da Terra está entre nós que cultuamos Orixá,
Agradecemos felizes pelo Senhor da Terra estar entre
Nós que cultuamos Orixá, agradecemos felizes.
Em sua pequena jarra(cabaça) ele traz feitiço(encantamento)
Para livrar-nos das doenças."
Aqui em baixo o orin acima em 1min 26":
Aqui em baixo o orin acima em 1min 26":
Aqui abaixo a dança sagrada de Omolu, o Opanijé
Minha experiência com Omolu remonta os tempos de Mãe Ruth
onde no mês de agosto, cada pessoas que a visitava
ela pedia um pacote de milho de pipoca.
Eram dezenas de pacotes, daí um ou dois dias antes,
as filhas da Casa começavam a estourar o milho formando assim o deburú,
ou como Mãe Ruth gostava de chamar: as "Flores de Obaluaiê".
O sentido dela mandar fazer tantas flores, era porque
ela tinha a tradição e devoção
de levar à rodoviária do Plano Piloto de Brasília o balaio cheio de deburus
junto com pedaços generosos de coco e assim distribuir aos que passassem e aceitarem.
A data era dia 11 de agosto, dia de São Lázaro da Igreja Católica,
santo que tinha ao seu lado vários cachorros que o acompanhavam ou dia
16 de agosto, dia de São Roque,padroeiro das vítimas das pragas e doenças
e protetor dos cães.
Lá pelo ano de 93 ou 94, me lembro que passamos a noite preparando o balaio de deburus e no dia o balaio estava cheio!
Mãe Ruth seguiu para seu destino em uma caminhonete e um carro pequeno acompanhava.
Eu fui na caminhonete.
Me lembro que como Mãe Ruth queria ficar na parte superior, a caminhonete
teve que estacionar bem abaixo de um semáforo na rodoviária.
Como ela era muito obesa, teve dificuldades ao descer e acabou demorando um pouco.
Em seguida aparece um guarda da Polícia Rodoviária que alerta que
o carro deveria sair imediatamente daquele local sob ameaça de multa,
mãe Ruth não perdeu tempo, da janela mesmo foi se segurando no guarda e
falando:"Me ajuda aí seu sacana, vai ficar só olhando?"
O guarda assustado continuava falando que não era permitido
enquanto mãe Ruth já estava toda apoiada nele,
se ele saísse ela caia.
Só sei que ele brigando, ameaçando multa e ao mesmo tempo sem ter como se esquivar cada vez mais a ajudando a descer.
"Pode multar mas primeiro me ajuda a descer e levar até lá!"
Mãe Ruth era uma figura.
No fim das contas,o policial a ajudou a ir até o local que ela queria,enquanto
o filho de Santo dela, Carlos, estacionava a caminhonete.
Só sei que o carisma da Mãe Ruth era tanto, que o policial
esqueceu de multa e acabou comendo muita pipoca com coco
junto da gente.
Nunca me esquecerei da magia desse dia.Sempre passava um pra pegar pipoca,
conversar,
desabafar,
conhecer,
curiar, rs.
Mãe Ruth com sua simplicidade ao olhar para esse Rei da Terra,
foi a primeira a me ensinar a fé num Omolu
da Cura, não da doença.
Hoje estou na Casa de Omolu, minha referencia de Santo.
Saúdo a todas as formas que Omolu é chamado e reverenciado
Omolu
Xapanã
Obaluaiê
São Roque
Kafunge
Sakafunan
...
Peço a bênção a todos que carregam essa grande divindade no Ori
e peço que roguem por um mundo que tenha
a mesma capacidade de perdão que Omolu teve.
Fica mais um pouco da minha história no Santo que divido com vocês.
"Atótóo! Omolu Olúkê
a jí béèrù sápadà!"
"Silêncio!O filho do Senhor
é o Senhor que grita, nós
acordamos com medo e corremos de volta!"
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