quarta-feira, 31 de agosto de 2011

23 de agosto, 20ª obrigação do Exu Tiriri

Poxa, tava com saudades de postar algo aqui, mas esse mês que é tão feliz nos deixou um pouco abalados pela passagem para o Orum, de uma irmã de Santo de Sueli e minha sempre amiga Mãe Neli, conhecida por Mãe Oxumarê e carinhosamente chamada por nós de Mãe Xuxu.








Em sua homenagem ficamos um período com o silêncio dos atabaques.

Nesse período se passaram as datas de Obaluaiê, Omolu e de Seu Tiriri que já o carrego em minha corôa a 34 anos, desde que nasci, mas incorporo a 20.


Então dia 23 passou sem nenhuma comemoração em especial, mas dia 27 de agosto, fizemos uma singela homenagem pela passagem desse dia com integrantes do nosso Xaxará de Prata.

Não houve divulgação e nem bebidas alcóolicas em função do já explicado, mas ainda assim dentro do possível, arreamos o padê quatro estações e suas oferendas de praxe, sem nenhum ejé.

Não houve fotografias.



Mas quero dizer com muita alegria, que desde a primeira obrigação até hoje, a cada ano, uma porção de coisas aconteceram. Essa data nunca passou em branco e dessa vez não foi diferente.


Me lembro que antes de ter dinheiro pra comprar fios de contas, eu já pintei cadarço branco de vermelho junto com outro preto e fazia minhas guias.

Já com orgulho, acendi uma vela nesse dia porque não tinha mais.












Já com prazer começamos a fazer sua festa com bichos que eram antecipadamente escolhidos por ele.


Tenho fotos desse ritual que comprova a simplicidade com que ele vinha e a gratidão que ele tinha e tem com as pessoas. Vou postar aqui algumas amanhã. Guardei a sete chaves mas hoje não tem sentido não divulgar o que o santo fez em nossa vida.


Um dia 23 de agosto foi especial pra mim.

Não tinha dinheiro pra fazer aquela obrigação e estava afastado do Centro, mas mesmo assim, fui comprar os ingredientes para um padê quatro estações , bebidas cigarros etc,isso mesmo, Seu Tiriri gostava de fumar cigarro mesmo quando tinha charuto. 











Então, ao entrar no mercado, foi até o Dory Carnes na quadra 15 em Sobradinho DF, eu encontrei na porta uma mulher com uma criança num carrinho. Ela me abordou e era manhã ainda, eu tinha tirado uma folga do dia todo pra mexer somente com isso, a gente chama no DF de Abono, então ela falou assim:
"Moço, o senhor pode comprar alguma coisa pra eu comer e dar para meu filho?


Ela não me pediu dinheiro, pediu comida. Eu imediatamente, acho que por reflexo, disse "Sim eu compro, o que a senhora tá precisando?" 


Ela falou que o que eu comprasse já iria ser seu almoço porque ela não tinha nada.




Credo, fiquei pensativo, entrei no mercado, comecei a escolher as coisas do Exu. Olhei pra porta, ela me olhava e me esperava. Ela e a criança.Comecei a comprar pra ela um pouco de carne, pensei na moida que era mais fácil pra fazer e dar a criança. Nisso, lembrei que pra comer uma carne moidinha precisava de umas batatinhas, um arrozinho. E se ela não tivesse?





Coloquei na cesta isso tambem, daí me lembrei que pra fazer precisaria do óleo, do sal, de alho, de uns tomates e fui lembrando e enchendo a cesta...
Claro que não vou falar mais pq eu não lembro, mas o que eu ia vendo que era bom naquele momento eu ia enchendo já o carrinho, desses menores.
Ela nem acreditou, e nem eu.
Eu paguei, no cartão poerque pra mim dia 23 já tava em fim de mes rs.
Eu lembro até hoje de seu sorriso na porta do mercado.levou a criança no colo e as compras no carrinho pq não tinha como ir.
Mas foi alegre, cheia de dignidade pra fazer seu almoço naquele dia, dia 23 de agosto acho que de 1999 ou de 2000. 


Ah sim e as coisas dele?
Ele disse que aquela tinha sido sua festa.
Acendi velas com padê e pra mim também o dia foi especial.






Ele já nos pregou várias peças boas.
Quando íamos nos casar em 2002, ele disse a minha então noiva, hoje esposa Sueli, que iria nos dar um presente de casamento.










Bom, esperamos com atenção, o que seria?


Passamos um aperto grande, a Su raspou em outubro de 2001 e nosso casamento foi em maio de 2002, muitas coisas ainda pra pagar e pra completar entramos numa greve(professores de Brasília) de 54 dias então, como graças a Deus não furo uma greve, estava sem um tostão furado. Nossa festa foi bancada pelos colegas grevistas ( a entrada rs) e isso foi um alento e um empurrão pra cima na gente.


Alugamos o salão, naquela época 250 reais e demos um cheque calção de outros 250 caso não cumpríssimos o combinado. Por um motivo que desconhecemos, após o casamento e a festa, que foi muito alegre e cheia de professores grevistas, o cheque calção entrou indevidamente. Por ordem do padre responsável pelo salão, foi nos devolvido o valor da caução cobrada indevidamente e o valor do aluguel do salão somando 500 reais.
Seu Tiriri após toda essa confusão, relatou que ali era seu presente: o salão da festa.










Não tem como eu não o admirar.


Poderia falar muitas coisas que nesses 20 anos de trabalho com ele eu já vi, ouvi e presenciei. Pessoas amigas antigas como Dona Raimunda e Gi que acompanharam o princípio de minha mediunidade e outros mais recentes do barracão Xaxará como o Nem e Dri que estiveram bem perto ajudando a cambonar suas atitudes.


Em nome de dezenas que já falaram com essa entidade que sei que é bem humorada, sábia, conselheira e cheia de iniciativa.


Amanhã eu continuo pq houve problema na postagem.



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